Hoje o dia amanheceu cinzento, como tem sido todos os dias dessa fase vermelha que expõe as vísceras do comércio agonizante. A revista ABSOLLUT une a sua dor a de todos, abrindo seu espaço para divulgar uma Carta Desabafo da empresária Ingrid Coelho, que tão bem nos representa
Vivemos um pesadelo, um pesadelo que já dura quase um ano, o pesadelo é mundial mas também precisamos falar das dores locais.
De um lado vidas e do outro a vida ou morte da economia, desde o início sabíamos que todos precisavam se ajudar, os empresários de SJC tinham essa consciência e fizeram sua parte, fecharam quando foi necessário, suspenderam contratos, mantiveram empregos muitas vezes tirando do próprio bolso, tentaram empréstimo, auxílio do governo, se afogaram em dívidas, desgastes contratuais, noites sem dormir, muitos fecharam seus negocios, muitos viram seus sonhos desmoronarem…. é sei que pode soar egoísmo querer falar da sobrevivência do comércio quando tem tanta gente morrendo, por muitas vezes nos sentimos assim, nos cobrando essa resiliência para passar por essa tempestade econômica em meio a uma pandemia mas deixa eu te contar uma coisa:
Do lado de cá também vivemos pequenas mortes, morremos sempre que ouvimos um colega dizer que faliu, que não aguenta mais, morremos em ver o outro chorar, morremos em ter que demitir pessoas que sabemos que precisam desse emprego para comer, morremos ao ver portas se fechando, crises de desespero…. nossa rotina tem sido erguer a ponta do nariz para fora enquanto a tempestade baixa… já não temos mais forças, nessa tempestade ninguém joga uma boia porque as boias acabaram, enquanto batemos braços e pernas com o nariz para fora a prefeitura joga um tissuname em cima de quem já está quase morrendo sem ar … trabalhamos sem saber como será o amanhã, vivemos um tal de : Abre, fecha, reduz horário, fecha denovo… encontrem um jeito, sobrevivam se forem capaz!
O comércio de São José dos Campos é uma alavanca para economia, gera muitos empregos e está morrendo aos poucos. Medidas drásticas de fechamento dos estabelecimento “ não essenciais ” nos faz questionar : o que seria essencial para você? O sustento da sua família é essencial? O comércio não é feito de números mas de PESSOAS, nos últimos 15 dias bares, restaurantes, shoppings, academias, salões de beleza, buffets infantis e locais de eventos estão FECHADOS, faturamento ZERO após um ano negativo!
Queremos um pouco mais de coerência daqueles que consideram que um ônibus lotado não gera risco de contaminação mas um restaurante cumprindo todos os cuidados gera, queremos coerência daqueles que acham que uma loja de material de construção pode funcionar lotada mas um salão de beleza não, daqueles que lotam as praias e praças mas não podem permitir a abertura de um shopping….nunca imaginamos um dia ter que ir para rua implorar para TRABALHAR!
Estamos aqui unidos pedindo socorro enquanto ainda nos resta voz, nosso pedido de socorro não é só por nós é pelo o outro que precisa trabalhar para sobreviver, é pela cidade, pelo país, por uma continuidade ! Nosso grito de socorro precisa chegar não só nos governantes mas em cada um de vocês que nessa pandemia aprendeu a mais linda missão de que somos um TODO e precisamos ter coerência e empatia para entender a dor do outro!!!
Sabemos que “um dia “tudo vai passar mas queremos chegar nesse “ dia” com a mínima decência.
Só queremos trabalhar com responsabilidade e com o compromisso que sempre tivemos !
#naonosconfundam #queremostrabalhar
Ingrid Coelho da Costa
Uniduniclub
Hering kids Center Vale