Existe em meu jardim uma árvore da qual nascem palavras. Não precisa ser primavera ou verão. Elas brotam igualmente também no outono e no inverno.
Eu acostumei-me a recolhê-las e a guardá-las em caixas coloridas. Cada uma na caixinha de seu significado. Às vezes, porém, eu me atrapalho e as misturo em caixas que não lhes pertencem. Então nascem as frases.
Há dias, também, em que recolho sentenças inteiras deste emaranhado de palavras. Então nascem um livro.
Existe em meu jardim outra árvore da qual só nascem notas musicais. Essas eu não recolho nunca. Elas só servem para alimentar os passarinhos. (Ludmila)